segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Creatina e seu uso Terapêutico.

Creatina e seu uso Terapêutico.


Artigo editado por Will Brink, NPC.

Traduzido pelo Nutricionista Reinaldo José Ferreira CRN3 – 6141
reinaldonutri@gmail.com
www.suplementacaoesaude.blogspot.com.br




 Introdução:


Embora a creatina ofereça uma série de benefícios, a maioria das pessoas pensa no seu uso simplesmente como um suplemento que fisiculturistas e outros atletas usam para ganhar força e massa muscular.
Nada poderia estar mais longe da verdade. As pessoas que não seguem a pesquisa sobre creatina ficam muitas vezes chocadas ao descobrir o quanto de pesquisa foi feita, e fique sabendo que a creatina pode oferecer muita saúde, boa forma e longevidade.
Por que a grande mídia tem ignorado este fato? Em favor de bizarras histórias assustadoras e mal fundamentadas, mas há sempre um duplo padrão na mídia quando se trata de suplementos nutricionais.
Este relatório irá cobrir grande parte do que a creatina tem a oferecer como um suplemento seguro e de baixo custo com uma excepcionalmente ampla gama de usos potenciais. Embora eu entre em profundidade sobre cada um dos benefícios, a creatina pode afetar positivamente:

Sarcopenia (perda de massa muscular devido ao envelhecimento).
Melhora da função cerebral em cérebros saudáveis ou danificados.
Modula a inflamação.
Doenças que afetam o sistema neuromuscular, tais como a distrofia muscular (MD).
Atrofia muscular.
Fadiga.
Atrofia de Girato.
Doença de Parkinson.
Doença de Huntington e outras citopatias mitocondriais.
Distúrbios neuropáticos.
Várias distrofias.
Miopatias.
Várias patologias cerebrais.
Pode aumentar o hormônio de crescimento (GH), para os mesmos níveis observados com o exercício.
Reduzir os níveis de homocisteína.
Possivelmente melhorar os sintomas da síndrome de fadiga crônica.
Melhorar a função cardíaca em pacientes com insuficiência cardíaca congestiva.

A creatina está provando ser um dos suplementos mais promissores, bem pesquisados, seguros, e, além disso, para uma excepcionalmente ampla gama de utilizações.



 O que é a Creatina?


A creatina é formada no corpo humano a partir dos aminoácidos metionina, glicina e arginina. O corpo da pessoa média contém aproximadamente 120 gramas de creatina armazenada como creatina fosfato.
Certos alimentos, como carne, arenque e salmão, são bastante ricos em creatina. No entanto, uma pessoa tem que comer quilos destes alimentos diariamente para igualar o que pode ser obtido em uma colher de chá de pó de creatina.
A creatina está diretamente relacionada ao trifosfato de adenosina (ATP). O ATP é formado nas usinas energéticas da célula, as mitocôndrias. ATP é muitas vezes referido como a "molécula de energia universal", usada por todas as células em nosso corpo.
Um aumento do estresse oxidativo acoplado com a incapacidade de uma célula para produzir moléculas essenciais de energia tais como o ATP, é uma característica do envelhecimento celular e é encontrada em muitos estados de doença.
Os fatores chave para a manutenção da saúde são a capacidade de:
evitar danos ao DNA mitocondrial causado por espécies reativas de oxigênio (ROS).
Prevenir o declínio na síntese de ATP, o que reduz os níveis de ATP de corpo inteiro.
Afigura-se que a manutenção da capacidade antioxidante (em particular a glutationa intracelular) e os níveis de ATP são essenciais na luta contra o processo de envelhecimento.
É interessante notar que muitos dos nutrientes mais promissores antienvelhecimento, tais como a CoQ10, NAD, acetil-L-carnitina e o ácido lipóico são todos usados para manter a capacidade das mitocôndrias para produzir compostos de alta energia tais como o ATP e reduzir o estresse oxidativo.
A capacidade de uma célula para fazer o trabalho está diretamente relacionada com o seu status de ATP e à saúde das mitocôndrias. Tecido cardíaco, neurônios no cérebro e outros tecidos altamente ativos são muito sensíveis a este sistema.
Mesmo pequenas mudanças na produção de ATP, podem ter efeitos profundos sobre a capacidade dos tecidos para funcionar corretamente. De todos os suplementos nutricionais disponíveis atualmente, a creatina parece ser o mais eficaz para manter ou aumentar os níveis de ATP.



 Como a Creatina Trabalha?


Em poucas palavras, a creatina trabalha para ajudar a gerar energia. Quando o ATP perde uma molécula de fosfato e torna-se adenosina difosfato (ADP), ele tem de ser convertido de volta ao ATP para produzir energia. A creatina é armazenada no corpo humano como fosfato de creatina (CP) também chamado de fosfocreatina.
Quando o ATP está esgotado, pode ser recarregado pelo CP. Isto é, CP doa uma molécula de fosfato a ADP (Adenosina difosfato), tornando-se mais uma vez ATP(Adenosina trifosfato). Um aumento na quantidade de CP significa uma recarga mais rápida e maior de ATP, o que significa que mais trabalho pode ser executado. É por isso que a creatina tem sido tão bem sucedida para atletas. Para esportes de curta duração e explosivos, como corrida, levantamento de peso e outros esportes anaeróbicos, o ATP é o sistema de energia utilizado.




Até à data, a pesquisa mostrou que a ingestão de creatina pode aumentar o pool total do corpo de CP que leva a uma maior geração de energia para formas de exercício anaeróbicas, como a musculação e corrida curta. Outros efeitos da creatina são o aumento na síntese de proteína e aumento da hidratação celular, que por sinal são fortes fatores anabólicos ou de ganho muscular.
A creatina tem tido resultados manchados afetando o desempenho em esportes de resistência, como natação, remo e corrida de longa distância, com alguns estudos mostrando nenhum efeito positivo sobre o desempenho em atletas de endurance. Querendo ou não o fracasso de creatina para melhorar o desempenho em atletas de endurance foi devido à natureza do esporte ou o design dos estudos ainda está sendo debatido.


A creatina pode ser encontrada sob a forma de:

Creatina monohidratada
Citrato de creatina
Fosfato de creatina
Creatina magnésio quelato
Algumas versões líquidas

No entanto, a grande maioria das pesquisas até agora, mostrando que a creatina possui efeitos positivos sobre patologias, massa muscular e desempenho usou a forma monohidratada. Creatina monohidratada é mais de 90% absorvível, ao contrário do que algumas empresas e "gurus" têm afirmado. O que se segue é uma revisão de alguns dos estudos mais interessantes e promissores com creatina.



Qual o Potencial da Creatina para a Saúde?

O Papel da Creatina na Sarcopenia:

A Creatina demonstrou aumentar a força e massa muscular em adultos jovens em literalmente dezenas de estudos neste momento. No entanto, houve poucos dados que examinaram seus efeitos sobre os adultos mais velhos até recentemente. Uma das maiores ameaças à capacidade de um adulto idoso em se manter saudável e funcional é a perda constante de massa corporal magra (músculos e ossos, em particular) à medida que envelhecem.
O termo médico para a perda de músculo é sarcopenia, e ele está começando a obter o reconhecimento que merece por parte da comunidade médica e científica. Durante décadas, essa comunidade tem incidido sobre a perda de massa óssea (osteoporose) de adultos mais velhos, mas deu pouca atenção para a perda de massa muscular que afeta a capacidade da pessoa para ser funcional à medida que envelhece, assim como muitos, em seguida, uma perda de massa óssea.
O que define a sarcopenia de uma perspectiva clínica? Sarcopenia pode ser definida como a perda relacionada com a idade de massa muscular, força e funcionalidade.


Uma coisa é muito clara: é muito mais fácil, mais econômico, e mais eficaz prevenir a sarcopenia, ou pelo menos retardar sua progressão, do que tratá-la mais tarde na vida. A Sarcopenia geralmente aparece depois de 40 anos de idade e acelera após a idade de aproximadamente 75 anos.
Embora a sarcopenia seja vista principalmente em indivíduos fisicamente inativos, também é comumente encontrada em indivíduos que permanecem fisicamente ativos durante sua vida. Assim, é claro que, embora a atividade física seja essencial, a inatividade física não é o único fator que contribui para a sarcopenia.
Assim como com a osteoporose, a sarcopenia é um processo multifatorial que pode incluir a diminuição dos níveis de hormônios (em particular, GH, IGF-1, e testosterona), uma falta da ingestão adequada de proteína e calorias na dieta, o stress oxidativo, os processos inflamatórios, assim como a uma perda de células nervosas motoras.


 Efeitos da Creatina em Adultos Idosos:


Com o envelhecimento e a inatividade, a maior parte da atrofiar na massa muscular de uma pessoa durante o envelhecimento é visto nas fibras de contração rápida (FT) que são recrutadas durante exercícios de alta intensidade, movimentos anaeróbicas (por exemplo, levantamento de peso, corrida, etc.). Curiosamente, estas são exatamente as fibras que a creatina demonstra seus efeitos mais profundos.
Um estudo chamado "A suplementação de creatina aumenta a força isométrica e melhora a composição corporal após o treinamento com exercício de força em adultos mais velhos" (J Gerontol A Biol Sci Med Sci Jan 2003; 58(1):11-9). Vinte e oito homens e mulheres saudáveis (acima de 65 anos), foram alimentados com 5 gramas de creatina por dia ou placebo, utilizando um protocolo duplo-cego aleatório de 14 semanas. Ambos os grupos foram colocados em um regime de treinamento de resistência (musculação) para o período de duração do estudo.
Catorze semanas de treinamento resistido resultou em aumentos significativos em todas as medições de força e tarefas funcionais e área de fibra muscular em ambos os grupos.
No entanto, o grupo recebendo a creatina resultou em maior aumento da massa livre de gordura, aumento maior na extensão isométrica do joelho, maiores ganhos de força isométrica na dorsiflexão, bem como um aumento significativo nos níveis de creatina intramusculares. Os pesquisadores concluíram:
"A adição da suplementação de creatina para o estímulo do exercício aumentou o ganho da massa total e livre de gordura, e os ganhos em vários índices de força muscular isométrica."



Toda uma série de estudos recentes têm encontrado efeitos semelhantes em adultos mais velhos e chegaram a conclusões praticamente idênticas. Outro estudo recente intitulado "A suplementação de creatina melhora o desempenho muscular em homens mais velhos" (Med Sci Sports Exerc Mar 2002; 34 (3):537-43) utilizando um protocolo semelhante ao referido estudo considerou, essencialmente, os mesmos efeitos. Eles concluíram,
"Os dados indicam que 7 dias de suplementação com creatina é eficaz no aumento de vários índices de desempenho muscular, incluindo testes funcionais em homens mais velhos, sem efeitos secundários adversos.
"A suplementação de creatina pode ser uma estratégia terapêutica útil para os adultos mais velhos para atenuar a perda de força e desempenho de tarefas da vida funcional do músculo."
No entanto, mais estudos (suplementação de creatina combinado com treinamento de resistência em homens mais velhos Med Sci Sports Exerc Dez 2001; 33 (12):2111-7), chegou a conclusões semelhantes. No entanto, deve notar-se que nem todos os estudos encontraram esse efeito (Efeitos da ingestão de creatina em idosos sedentários e treinados. Acta Physiol Scand 1998 outubro; 164 (2):147-55), mas eles foram estudos iniciais que podem ter tido algumas falhas metodológicas.
Independentemente disso, a maior parte dos dados, em particular os dados recentes, aponta claramente para a creatina como tendo efeitos positivos sobre a força e composição corporal em adultos mais velhos, especialmente quando combinada com um protocolo de exercícios de treinamento resistido.


Um estudo recente, particularmente interessante, descobriu os efeitos positivos da creatina na força e massa magra em adultos mais velhos mesmo depois que eles pararam de usar a creatina (Efeito da Cessação do Suplemento ao manter treinamento de resistência em homens mais velhos. JAPA, 12 (3), julho de 2004, ), o teste foi feito durante 12 semanas. Eles concluíram:
"A retirada da creatina não teve efeito sobre o nível de força, resistência e perda de massa de tecido magro com 12 semanas de treinamento com volume reduzido."
No entanto, é a experiência da maioria dos usuários de creatina, assim como a maioria dos estudos em adultos mais jovens, que os efeitos positivos da creatina de fato desaparecem com o tempo, se a pessoa para de usar a creatina. Assim, enquanto não existe uma razão particular para não usar a creatina, os melhores efeitos provavelmente virão da utilização contínua.


 O Real Segredo do Envelhecimento: A Energia Celular.


Qual é realmente a principal diferença entre um adulto mais velho e um jovem adulto? A energia celular é a resposta; a capacidade de cada célula do nosso corpo para regular sua capacidade de produzir energia (por exemplo, ATP), desintoxicar compostos nocivos, e defender-se contra os danos dos radicais livres e outros problemas.
Um aumento do estresse oxidativo acoplado a incapacidade de uma célula para produzir moléculas essenciais de energia tais como o ATP, é uma característica do envelhecimento celular e é encontrada em muitos estados de doença.
As células das pessoas mais jovens são bastante eficientes em lidar com esses problemas, enfrentado pela célula.
As células de uma pessoa mais velha, seja as células do cérebro, células musculares, etc, são incapazes de lidar com esses desafios, e mais danos se acumulam com o passar do tempo, e a célula morre.
Em jovens adultos saudáveis, as células velhas são substituídas por novas células saudáveis rapidamente, mas esse não é o caso quando as pessoas ficam mais velhas.
O declínio da massa muscular (sarcopenia) com o envelhecimento pode estar relacionado a um declínio na função mitocondrial. Sem estes compostos de alta energia, que cada célula do nosso corpo depende para funcionar, as células e todo o organismo morrem.
Foi estabelecido que os adultos mais velhos tendem a possuir níveis mais baixos de fosfato de creatina (CP) no tecido, o ATP e outras moléculas de alta energia essenciais. Os indivíduos mais velhos parecem responder de forma diferente também em termos de reabastecer estas moléculas essenciais após o exercício.


Um estudo chamado "músculo esquelético função mitocondrial e massa corporal magra no exercício em idosos saudáveis" (Mech Ageing Dev.2003 Mar; 124 (3):301-9), medindo a função mitocondrial e tempo de recuperação em, 45 idosos (idade média de 73) e 20 indivíduos mais jovens (idade média de 25), que foram pareados por massa corporal.
Os dois grupos exerceram diferentes níveis de intensidade. Como outros estudos encontraram, os idosos do grupo tiveram menor CP e níveis de ATP no início do estudo, do que seus colegas mais jovens e eles eram mais lentos para reabastecer os níveis nos tecidos após o exercício. Então os pesquisadores relatam:
"Os nossos dados sugerem que a função mitocondrial diminui com a idade em adultos idosos saudáveis e que a diminuição parece ser influenciada pelo nível de atividade física."
Esclarecendo, não só os indivíduos mais velhos têm baixos níveis de compostos de alta energia essenciais (por exemplo, ATP, CP, etc.) no início do estudo, em comparação com o grupo mais jovem, que foi agravado quanto mais intenso o exercício! Como os estudos com adultos mais velhos acima mostram, a suplementação de creatina pode melhorar um pouco desse declínio.



A creatina pode ser um dos compostos não sujeitos a receita, mais eficazes e seguros atualmente disponíveis para melhorar a energética celular (a capacidade das células para produzir energia que nos mantém vivos!), e podem ser um tratamento eficaz para a sarcopenia, especialmente quando combinado com o correto regime de exercícios.
Para resumir esta seção, as duas estratégias essenciais para ajudar a impedir o declínio na saúde celular, que parece ligado a sarcopenia e outras questões enfrentadas por uma pessoa no envelhecimento:

Prevenir o declínio concomitante dos níveis de ATP/CP que reduz os níveis de ATP de corpo inteiro e leva a sarcopenia e muitas outras patologias; através de suplementos de creatina e outros que mantêm a energética celular (por exemplo, acetil-L-carnitina, o ácido alfa-lipóico, a CoQ10, etc).
Aumentar ou manter a glutationa intracelular e melhorar o estado de antioxidantes mitocondriais (para evitar danos ao DNA mitocondrial, causado por espécies reativas de oxigênio), tomando antioxidantes e ou nutrientes conhecidos para melhorar o estado antioxidante (por exemplo, proteína de soro de leite, a NAC - acetilcisteína, etc).
Parece que manter o status mitocondrial de antioxidantes (em particular a glutationa intracelular) e os níveis de ATP, é uma combinação essencial na luta contra o processo de envelhecimento, bem como o combate e prevenção de uma série de doenças.


 Efeitos Anti-inflamatótios da Creatina:


Curiosamente, embora não surpreendentemente, a creatina pode ter a capacidade de modular a inflamação, pelo menos, após o exercício. Um estudo intitulado "O efeito da suplementação de creatina sobre marcadores inflamatórios e dor muscular depois de uma corrida de 30 km" (Life Sci. 2004 Sep; 3;75 (16): 1917-24) examinou esta questão. Os pesquisadores analisaram o efeito da creatina em marcadores inflamatórios e dor muscular:

Creatina quinase (CK)
Lactato desidrogenase (LDH)
Prostaglandina E2 (PGE2)
Fator de necrose tumoral-alfa (TNF-alfa)

O estudo foi feiro com corredores experientes após a execução de 30 km.
Os corredores foram suplementados durante 5 dias antes da corrida de 30 km com 4 doses de 5g de creatina e 15g de maltodextrina por dia, enquanto o grupo controle recebeu a mesma quantidade de maltodextrina. Foram coletadas amostras de sangue antes da corrida, imediatamente após a corrida, e 24 horas após o final da corrida.
Como seria de esperar, o grupo controle apresentou um grande aumento nas concentrações de CK, LDH, PGE2, e de TNF-alfa. De fato, houve um aumento de mais de quatro vezes em CK, aumento de 43% no LDH, ao longo de um aumento de 6 vezes na PGE2, e uma duplicação da TNF-alfa!


Isto indica um elevado nível de lesão celular e inflamação nesses atletas. No entanto, o grupo recebendo a creatina teve indicadores muito mais baixos de danos celulares e inflamação, o grupo controle teve um aumento de 19% em CK, 70% de aumento de PGE2, e um aumento de 34% em TNF-alfa. A suplementação com creatina aboliu totalmente o aumento em LDH. Nenhum efeito colateral foi relatado pelos atletas recebendo a creatina. Os pesquisadores concluíram que:
"Estes resultados indicam que a suplementação com creatina reduziu os danos celulares e a inflamação intensa após uma corrida exaustiva."
Existem alguns comentários e perguntas a serem feitas em relação a esses achados. O exercício regular é um componente essencial para qualquer pessoa que olha para melhorar a sua saúde, manter a gordura corporal baixa, manter a massa muscular é essencial à medida que envelhecemos; mas também tem suas desvantagens, tais como o aumento da produção de radicais livres e outros efeitos que o corpo tem para combater.
A creatina pode ser um nutriente essencial para ajudar a combater esses possíveis efeitos nocivos.



 Efeitos da Creatina em Cérebros Saudáveis ou Doentes:


Uma utilização atraente para creatina é o seu efeito sobre a função cerebral e no metabolismo.
A pesquisa continua a mostrar que a creatina é um nutriente essencial para o funcionamento do cérebro e metabolismo em pessoas com cérebros doentes ou saudáveis.
Lesões cerebrais traumáticas afetam milhares de pessoas a cada ano. A verdadeira tragédia, porém, é que muito do dano para o cérebro não é causado pela lesão imediata, mas devido a morte celular causada por isquemia (falta de fluxo de sangue e oxigénio para os tecidos) e danos do stress oxidativo causado pelos radicais livres.
A capacidade de uma célula para fazer o trabalho está diretamente relacionada com o seu status de ATP e à saúde das mitocôndrias. Tecido cardíaco, neurônios no cérebro e outros tecidos altamente ativos são muito sensíveis a este sistema.
Mesmo pequenas mudanças no ATP, podem ter efeitos profundos sobre a capacidade dos tecidos para funcionar corretamente, o que pode causar danos e ou morte para a célula. De todos os suplementos nutricionais disponíveis atualmente, a creatina parece ser o mais eficaz para manter ou aumentar os níveis de ATP.
Estudos recentes têm demonstrado que a creatina proporciona neuroproteção significativa contra insultos isquêmicos e oxidativos.

Um estudo recente chamado "O Suplemento dietético creatina protege contra a lesão cerebral traumática" (Ann Neurol 2000 Nov; 48 (5): 723-9), descobriram que a creatina era muito eficaz na redução de danos ao tecido cerebral após a lesão. Estes pesquisadores descobriram:
"... administração de creatina melhorou a extensão do dano cortical tanto quanto 36% a 50% em ratos. Essa proteção parece estar relacionada com a manutenção induzida pela creatina da bioenergética mitocondrial."
Eles passaram a concluir:
"Este suplemento alimentar pode fornecer pistas sobre os mecanismos responsáveis pela perda neuronal após a lesão cerebral traumática e pode encontrar utilização como um agente neuroprotetor contra processos neurodegenerativos agudos."
Este estudo poderia indicar que a terapia de creatina deve ser iniciada o mais cedo possível após a lesão cerebral traumática. As pessoas que já têm usado a creatina em uma base contínua podem ter uma proteção considerável contra danos adicionais ao cérebro após essa lesão.



 Creatina e o Cérebro Saudável:


Mas porque o cérebro saudável? Não, você não precisa ferir o seu cérebro em um acidente de carro para obter benefícios da creatina! Um estudo recente intitulado "Suplementação oral de creatina melhora o desempenho do cérebro: um estudo controlado por placebo, duplo-cego, (Proceedings of the Royal Society: Biological Sciences Vol. 270, No. 1529 on 22 October 2003), descobriu que seis semanas de suplementação de creatina com 5g por dia para 45 vegetarianos, melhorou muito a função cognitiva. De acordo com o relatório publicado pelo The Royal Society,
"Os resultados concordam com as observações anteriores mostrando que os níveis de creatina cerebral se correlacionam com melhora da memória de reconhecimento e reduzem a fadiga mental."
Embora a suplementação de creatina provavelmente tenha um efeito menos dramático sobre não vegetarianos; devido ao fato de se obter alguma creatina em sua dieta através da carne, é lógico que a creatina ainda será eficaz para melhorar os níveis de creatina no cérebro. Cérebros saudáveis e feridos parecem se beneficiar igualmente da creatina!



 Creatina e Doença Neuromuscular:


Uma das áreas mais promissoras da pesquisa com creatina é o seu efeito sobre as doenças neuromusculares, como a MD (Distrofia Muscular). Um estudo analisou a segurança e a eficácia da creatina em vários tipos de distrofias musculares usando um ensaio duplo cego, cruzado.
Trinta e seis pacientes (12 pacientes com distrofia faciosscapulohumeral, 10 pacientes com distrofia de Becker e oito pacientes com distrofia de Duchenne), foram randomizados para receber creatina ou placebo durante oito semanas.
Os pesquisadores descobriram que havia uma "leve, mas significativa melhoria" da força muscular em todos os grupos. O estudo também constatou uma melhoria geral nas atividades da vida diária dos pacientes, como demonstrado por melhores pontuações nas escalas Medical Research Council e na escala de Sintoma Neuromuscular. A creatina foi bem tolerada durante todo o período de estudo, de acordo com os pesquisadores.


Outro grupo de investigadores suplementou a creatina monohidrato para pessoas com doença neuromuscular, usando 10 gramas por dia, durante cinco dias, depois reduzindo a dose para 5 gramas por dia, durante cinco dias.
O primeiro estudo utilizou 81 pessoas e foi seguido por um estudo duplo-cego de 21 pessoas. Em ambos os estudos, o peso corporal, força de empunhadura, flexão dorsal e extensão do joelho foram medidos antes e depois do tratamento. Os pesquisadores descobriram:
"A administração de creatina aumentou todos os índices medidos em ambos os estudos."
O uso em curto prazo da creatina monohidrato, provocou um aumento da força de alta intensidade significativo em pacientes com doença neuromuscular. Houve também muitas observações clínicas dos médicos que a creatina melhora a resistência, a funcionalidade e sintomatologia de pessoas com várias doenças do sistema neuromuscular.



 Creatina e Proteção Neurológica:


Se há uma ação onde a creatina realmente brilha, está na sua proteção ao cérebro, incluindo várias formas de lesão neurológica e stress. Um número crescente de estudos descobriu que a creatina pode proteger o cérebro de agentes neurotóxicos, certas formas de lesão e outras problemas.
Vários estudos in vitro descobriram que os neurônios expostos a qualquer glutamato ou beta-amilóide; a beta-amilóide são proteínas que se agrupam e formam placas impedindo a sinalização nas sinapses do cérebro (ambos altamente tóxicos para os neurônios e envolvidos em várias doenças neurológicas), foram protegidos quando expostos a creatina. Os investigadores relatam:
"... As células suplementadas com creatina que e o precursor para fabeicar mais fosfocreatina (PCr) e criar reservas de energia maiores, com consequente neuroproteção contra estressores."
Estudos mais recentes, in vitro e in vivo em animais, têm demonstrado que a creatina é altamente neuroprotectora contra outros agentes neurotóxicos como a N-metil-D-aspartato (NMDA) e o malonato.
Outro estudo constatou que a alimentação de ratos com creatina ajudou a protegê-los contra tetrahidropiridina (MPTP), que produz parkinsonismo em animais por meio de produção de energia prejudicada. Os resultados foram impressionantes o suficiente para estes pesquisadores concluir:
"Estes resultados implicam ainda mais na disfunção metabólica da MPTP e sua neurotoxicidade, e sugerem uma nova abordagem terapêutica, que pode ter aplicabilidade na doença de Parkinson."



Outros estudos descobriram que a creatina protege os neurônios de dano isquêmico (baixa de oxigênio), como é muitas vezes visto após acidentes vasculares cerebrais ou lesões.
No entanto, mais estudos descobriram que a creatina pode desempenhar um papel terapêutico e protetor tanto na doença de Huntington, como na ALS (Esclerose amiotrófica lateral). Este estudo concluiu que:
"... A administração oral de creatina produziu uma melhoria, dependente da dose no desempenho motor e estendeu a sobrevivência em ratos transgênicos G93A, e protegeu os ratinhos da perda de ambos os neurônios motores e os neurônios da substância negra em 120 dias de idade. A administração de creatina protegeu os ratos transgênicos G93A do aumento nos índices bioquímicos do dano oxidativo. Assim, a administração de creatina pode ser uma nova estratégia terapêutica para o ALS. Surpreendentemente, esta é apenas a ponta do iceberg mostrando que a creatina pode ter usos terapêuticos para uma ampla gama de doenças neurológicas, bem como lesões no cérebro.



 Creatina e Função Cardíaca:



Sabemos que as células do coração são dependentes de níveis adequados de ATP para funcionar corretamente, e que os níveis de creatina cardíacos estão suprimidos na insuficiência cardíaca crônica, os pesquisadores têm observado que a suplementação de creatina melhora a função cardíaca e sintomatologia geral em certas formas de doença cardíaca.
Sabemos também que as pessoas que sofrem de insuficiência cardíaca crônica têm resistência e força limitada e se cansa facilmente, o que limita muito a sua capacidade na vida cotidiana.
Usando um projeto controlado por placebo, duplo-cego, 17 pacientes com idades entre 43 e 70 anos, com fração de ejeção <40 foram suplementadas com 20 gramas de creatina por dia, durante 10 dias. Antes e após a suplementação de creatina, os investigadores observaram: Fração de ejeção do coração (sangue presente no ventrículo, no final da diástole e expelido durante a contração do coração). Extensão de joelho (teste de força). Desempenho do exercício na bicicleta ergométrica (teste de resistência) As biópsias foram feitas também na musculatura, para determinar se houve um aumento em compostos de produção de energia (ou seja, creatina e fosfato de creatina). Curiosamente, mas não surpreendentemente, a fração de ejeção em repouso e durante a fase de exercício não aumentou. No entanto, as biópsias revelaram um aumento considerável nos níveis teciduais de creatina e fosfato de creatina nos pacientes recebendo a creatina suplementar. Mais importante, os pacientes recebendo a creatina tiveram aumentos de força e torque de pico (21%, P <0,05) e resistência (10%, P <0,05). Tanto o torque de pico quanto o desempenho de pernas aumentaram linearmente com o aumento do fosfato de creatina no músculo esquelético (P <0,05). Depois de apenas uma semana de suplementação de creatina, os pesquisadores concluíram: "A suplementação de pacientes com insuficiência cardíaca crônica não aumentou a fração de ejeção, mas aumentou os fosfatos ricos em energia do músculo esquelético e desempenho tanto em matéria de força quanto resistência. Esta nova abordagem terapêutica merece mais atenção." Outro estudo analisou os efeitos da suplementação de creatina sobre o metabolismo e resistência muscular em pessoas com insuficiência cardíaca congestiva. Em particular, os pesquisadores analisaram os níveis de amônia e lactato, dois importantes indicadores de desempenho muscular sob estresse. Os níveis de lactato e amônia sobem à medida que aumenta a intensidade durante o exercício e níveis mais elevados estão associados à fadiga. Atletas de alto nível têm baixos níveis de lactato e amônia durante um determinado exercício do que os não atletas, como o metabolismo dos atletas é melhor em lidar com esses metabólitos de esforço, permitindo-lhes um melhor desempenho. Este estudo descobriu que s pacientes com insuficiência cardíaca congestiva que receberam 20 gramas de creatina por dia tinham maior força e resistência (medida como exercício de força de agarre manual “handgrip” em 25%, 50% e 75% da contração voluntária máxima ou até a exaustão) e tinham menores níveis de lactato e amônia do que o grupo placebo. Isso mostra que a suplementação de creatina na insuficiência cardíaca crônica aumenta a resistência muscular esquelética e atenua a resposta metabólica muscular esquelética anormal ao exercício. É importante notar que a falta de compostos essenciais de elevada energia ou o ATP (por exemplo, creatina e fosfato de creatina, etc.), em indivíduos com insuficiência cardíaca congestiva crônica não é uma questão simples de desnutrição, mas parece ser uma perturbação metabólica no músculo esquelético e de outros tecidos. Suplementar com precursores de alta energia como a creatina; parece ser uma abordagem altamente eficaz e de baixo custo para ajudar esses pacientes a gozar de uma vida mais funcional, e muito provavelmente estender sua expectativa de vida.  Creatina e Diabetes: Os efeitos positivos da creatina no levantamento de peso, corrida e outras atividades anaeróbicas de alta intensidade são amplamente reconhecidos. No entanto, o que é menos conhecido é o papel benéfico da suplementação de creatina pode ter sobre a saúde de forma geral. Um estudo de Gualano et al, suplementou diabéticos tipo 2 com 5g/dia de creatina por 12 semanas e demonstrou uma boa diminuição da HbA1C em 1,1%, um marcador para medição de glicose no sangue em longo prazo. Essa queda na HbA1C é semelhante ou maior do que comumente é visto com a metformina, o medicamento diabético mais comum usado para o diabetes tipo 2. Além disso, quando tomado durante este mesmo período de tempo, a creatina não parece exercer quaisquer efeitos deletérios sobre a saúde dos rins nos diabéticos tipo 2. Com relação aos indivíduos saudáveis, a creatina não parece ter um grande efeito sobre a gestão de glicose no sangue. No entanto, ele melhora positivamente os níveis de glicogênio muscular. A creatina impacta positivamente na capacidade de gestão de glucose no sangue e armazenamento de glicogênio, aumentando o número de transportadores de glucose (GLUT-4) na superfície das células musculares. Observe o gráfico abaixo:




Nota do Nutricionista:

Normalmente pensamos na creatina somente para aumento de força e massa muscular.
Mas ela nos oferece muito mais melhorando os níveis de energia celular, ajudando em problemas cardíacos e por incrível que pareça em doenças do cérebro como o Mal de Parkinson e a Esclerose lateral amiotrófica, além do incrível gráfico mostrando a melhora na taxa de hemoglobina glicosilada em diabéticos; e tudo isso com um custo incrivelmente baixo.




Referências:


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