terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Os Riscos da Deficiência de Micronutrientes em Adultos Idosos.

Os Riscos da Deficiência de Micronutrientes em Adultos Idosos.



Traduzido pelo Nutricionista Reinaldo José Ferreira – CRN3 6141
reinaldonutri@gmail.com
www.suplementacaoesaude.blogspot.com.br



Desde que as pessoas mais velhas muitas vezes não conseguem digerir bem os alimentos, a velhice pode ser considerada um fator de risco para a absorção inadequada de micronutrientes.
No decurso do processo natural de envelhecimento, várias funções corporais deterioram. Uma oferta insuficiente de micronutrientes no organismo pode acelerar o processo natural de envelhecimento e agravar o declínio dos processos de renovação celular, defesa imunológica, acuidade visual e auditiva e desempenho cognitivo. Além disso, a presença de doenças crônicas como doença cardiovascular, osteoporose, diabetes e câncer pode aumentar as necessidades de micronutrientes. Por isso, é extremamente necessário garantir que os idosos recebam um fornecimento ideal e otimizado de vitaminas, minerais, oligoelementos e ácidos graxos essenciais. No entanto, muitos idosos estão longe de consumir as quantidades diárias recomendadas, mesmo em nações industriais altamente desenvolvidas.


Os riscos e causas de uma oferta insuficiente de micronutrientes são muitos e variados. Eles podem incluir a mudança de hábitos alimentares na velhice (perda de apetite, porções menores e alterações na composição da dieta), dificuldades de mastigação e deglutição, mobilidade restrita que faz a compra e preparação dos alimentos mais difícil, e o uso de medicamentos que contribuam para a perda de apetite. Outros fatores podem ser que os alimentos com alta densidade de micronutrientes são muito caros para as pessoas mais velhas com uma renda reduzida, ou mesmo a mudança para um lar de idosos. Mas há uma certeza cada vez maior de que a melhoria do fornecimento de micronutrientes para as pessoas mais velhas; quer seja através de dietas especiais ou suplementação dietética, pode ajudar a prevenir ou, pelo menos, retardar (e muito) as doenças típicas da velhice, mesmo que a pesquisa ainda não seja capaz de fornecer respostas conclusivas para todas as questões relevantes. Os estudos iniciais para melhorar o status de micronutrientes em idosos, através de intervenções de micronutrientes alvo, são muito promissores.

Vamos analisar o que as pesquisas dizem sobre:

Antioxidantes
Vitaminas A, D e minerais
Complexo B
Ômega-3


 Antioxidantes:


Entre as doenças que ocorrem mais comumente na terceira idade, algumas delas são, essencialmente, devido ao dano oxidativo causado pelos radicais livres. Em concentrações elevadas, os radicais livres levam ao estresse oxidativo que causam danos aos componentes celulares (membranas, proteínas e DNA) e pode, por conseguinte, desempenhar um papel no aparecimento de doenças crônicas tais como doenças cardiovasculares, aterosclerose, câncer, doenças metabólicas (por exemplo, diabetes), infecções e doenças neurodegenerativas (por exemplo, demência). Acredita-se que as próprias defesas antioxidantes do organismo diminuem à medida que envelhecemos e os micronutrientes da dieta, portanto, com atividade antioxidante oferecem proteção importante contra o estresse oxidativo e ajudam a manter a saúde. O organismo tem a sua disposição toda uma rede de mecanismos de proteção antioxidante envolvendo os micronutrientes.


Um antioxidante altamente eficaz é a vitamina E, a mesma apresenta uma função muito importante neste contexto. Sua atividade é complementada pelo efeito regenerativo da vitamina C e do selênio e o zinco (oligoelementos). A defesa antioxidante está enfraquecida se somente um desses micronutrientes não está disponível em quantidades suficientes nas células e tecidos do corpo.
A atividade sinérgica das diferentes substâncias antioxidantes, pode ser de importância crucial na manutenção da função cerebral, em particular na prevenção de demência (incluindo a doença de Alzheimer). A queda de desempenho na performance cognitiva (concentração, capacidade de retenção) e sintomas de depressão na velhice pode ser devido, em parte, a uma oferta insuficiente de antioxidantes.


Uma meta-análise de estudos epidemiológicos revelou que uma boa oferta de vitaminas E, C e betacaroteno podem ajudar a reduzir o risco de desenvolver a doença de Alzheimer. A vitamina E também parece ser particularmente eficaz neste contexto: Dados epidemiológicos indicam que o aumento do consumo de vitamina E a partir de alimentos também pode estar associado com um risco menor de desenvolver a doença de Alzheimer. Estudos epidemiológicos descobriram que as medições de habilidade cognitiva se correlacionam diretamente com os níveis sanguíneos de vitamina E, como também o licopeno e que o aumento da ingestão de vitamina E a partir da dieta ou de suplementos alimentares foi associado a uma deterioração mais lenta em habilidades cognitivas. Uma meta-análise foi capaz de mostrar que tomar suplementos multivitamínicos pode estar associado a um melhor desempenho da memória. Vários estudos mostram uma melhora após a administração de antioxidantes e multivitaminas em sintomas de depressão, humor geral e de resistência ao estresse, habilidades cognitivas e qualidade de vida geral.


A proteção da mácula lútea, ou mancha amarela, sobre a retina do olho é um exemplo impressionante da interação de vários nutrientes antioxidantes. Seus pigmentos amarelado-alaranjado protegem a retina contra a luz UV no centro de visão aguda, agindo como uma espécie de filtro solar natural. Mas a mácula degenera ao longo do tempo de vida. A Degeneração macular relacionada com a idade (AMD) progride gradualmente e conduz à perda de visão aguda e, eventualmente, a cegueira total. Proteção antioxidante, especialmente através do aumento da ingestão de carotenóides, luteína e zeaxantina, contribui para ajudar a manter a mácula intacta ou, pelo menos, para retardar a sua degeneração.


A mobilidade das pessoas idosas também pode ser influenciada por seu status de carotenóides. Parece que baixos níveis no sangue, poderia influenciar negativamente a estabilidade da marcha e a capacidade geral de andar em idosos. Selênio insuficiente pode resultar na coordenação muscular prejudicada. Uma dieta rica em vitamina C poderia ajudar a manter a capacidade auditiva em pessoas idosas. O risco de desenvolver diabetes tipo 2 pode ser reduzido, suplementando idosos com vitamina C e cálcio. Níveis sanguíneos baixos ou suficientemente elevados de carotenóides (em especial betacaroteno, licopeno, luteína e zeaxantina, selênio, vitamina C, zinco) e outros antioxidantes podem servir como preditores de mortalidade em idosos. Os estudos Cohort têm demonstrado que um fornecimento de vitaminas e minerais pode melhorar o nível de micronutrientes em pessoas idosas que vivem de forma independente. Um estudo controlado por placebo, duplo-cego revelou que a suplementação dietética de pessoas idosas com preparações de multivitaminas e minerais pode reduzir as taxas de infecção e melhorar a qualidade de vida geral.



 Vitamina A, D e Minerais:


O papel dos micronutrientes na regulação do sistema imunológico indica uma potencial função preventiva no que diz respeito a infecções e inflamações. Juntamente com os antioxidantes, as vitaminas A e D desempenham um papel importante. As pessoas mais velhas muitas vezes têm níveis insuficientes dessas vitaminas. A vitamina D parece estar envolvida em numerosas funções fisiológicas: em combinação com o cálcio é essencial para a manutenção dos ossos estáveis e função do músculo, assim como realizar outras tarefas, por exemplo, na regulação de processos inflamatórios.

Uma oferta inadequada aumenta a ameaça de marcha instável, quedas e fraturas, além do risco de desenvolver osteoporose. Tomar suplementos dietéticos poderia, portanto, beneficiar a saúde das pessoas idosas com um nível inadequado de cálcio e vitamina D. A fraqueza muscular também pode ser exacerbada por uma ingestão insuficiente de magnésio.
As doenças da tireóide em adultos mais velhos podem ser reduzidas através da administração de iodo e selênio. É bastante comum que os idosos apresentem anemia por deficiência de ferro ou selênio. Isto pode conduzir a mobilidade e qualidade de vida restrita, bem como a um aumento do risco de depressão, demência e mortalidade. A ingestão de ferro de 8 mg por dia tem sido recomendado para pessoas mais velhas para prevenir a anemia ferropriva.



 Vitaminas do Complexo B:


A ingestão de vitaminas do complexo B, especialmente folato e vitamina B12, também são insuficientes em muitas pessoas mais velhas. Mas estas vitaminas combatem o acúmulo do aminoácido homocisteína, que é produzido pelo corpo e é prejudicial em grandes quantidades. Altos níveis de homocisteína e baixos níveis de folato têm sido associados com um risco elevado de doenças cardiovasculares, em especial, o acidente vascular cerebral; prejudicando o funcionamento do cérebro e aumentando a incidência de depressão. Baixos níveis plasmáticos de vitamina B12 e ácido fólico, acompanhados por níveis elevados de homocisteína, podem ser preditores independentes de risco de mortalidade em adultos mais velhos.


A deficiência de vitamina B12 pode contribuir para o desenvolvimento de lesão dos nervos periféricos, com dormência nas extremidades, dor, pernas inquietas, dificuldade para caminhar, problemas de equilíbrio e qualidade de vida diminuída. A anemia por deficiência de vitamina B12 (perniciosa), com risco de vida é comum entre os adultos mais velhos. Os resultados de estudos controlados e randomizados mostram que uma ingestão adequada de ácido fólico e vitaminas B6 e B12 poderia combater o declínio do desempenho cognitivo na velhice ou até mesmo a doença de Alzheimer. Em um estudo clínico, os adultos mentalmente saudáveis com idades entre 50 a 75 anos receberam ou um suplemento dietético com 800 microgramas de ácido fólico ou um placebo diariamente. Os participantes que tomaram ácido fólico tiveram um melhor desempenho em testes de memória do que aqueles dos grupos placebo, atingindo o mesmo nível que os participantes que eram cinco anos mais jovens. Os resultados relativos ao processamento de informações dos participantes que receberam folato eram comparáveis com as dos participantes do estudo, dois anos mais novos.



 Particularidades do Complexo B:


Tiamina (B1).


O primeiro a publicar uma fórmula correta e síntese desta vitamina foi o Dr. Robert R. Williams em 1936.
Quimicamente, a tiamina é constituído por um anel de pirimidina e uma porção tiazole (ou uma das duas partes) ligados por um grupo metileno (CH 2) da ponte. A tiamina é uma vitamina solúvel em água.


Metabolismo Energético:

O ciclo de Krebs (também chamado de ciclo do ácido cítrico ou ciclo do ácido tricarboxílico) é extremamente importante na extração de energia a partir de moléculas de combustível. Por conseguinte, o processo é dependente de tiamina. Funções dependentes de tiamina (TDP) como uma coenzima (liga-se com certas moléculas de proteína para formar enzimas ativas), necessária para a descarboxilação oxidativa do piruvato e do alfa-cetoglutarato. Estas reações são fundamentais na geração de energia (ATP). A inibição destas reações de descarboxilação impede a síntese de ATP, e de acetil-CoA necessário para a síntese de, por exemplo, ácidos graxos, colesterol, e outros compostos importantes, e resulta na acumulação de piruvato, lactato e alfa-cetoglutarato no sangue .



A falha para oxidar as moléculas listadas acima (e várias outras), resulta na acumulação de ambos os aminoácidos de cadeia ramificada e os seus ácidos alfa-ceto no sangue e outros fluidos corporais. Esta é uma característica da doença da urina do xarope de bordo (DXB) ou Cetoacidúria de cadeia ramificada.
DXB é um resultado genético (erro do metabolismo ao nascer), que é a ausência genética ou atividade insuficiente do complexo de enzimas desidrogenase de cetoácidos de cadeia ramificada.
Pessoas com DBX devem evitar carnes, aves, peixes e produtos lácteos para limitar a ingestão.
Mas em suma, a tiamina é vital para conversões de energia, e se faltar na sua dieta e suplementação, pode induzir graves problemas de saúde.


Tiamina auxilia muitas outras funções corporais, tais como a síntese de pentose, NADPH, e outras moléculas. Todos as quais são essenciais para a síntese dos ácidos graxos, a replicação celular e muito mais.
"Tiamina restaura a replicação celular, diminui o fluxo glicolítico e evita a formação de AGE (Produtos de Glicação Avançada) em células endoteliais cultivadas em glucose elevada". (La Selva M et al.)


Piridoxina (B6):


A Piridoxina é uma vitamina do complexo B solúvel em água. Ela foi descoberta em 1934 por P. Gyorgy. Sua composição é complexa; feito de várias vitamers (um de dois ou mais compostos semelhante capazes de cumprir uma função específica de vitamina no organismo) seus três principais formas são piridoxina (PN), piridoxal (PL), e piridoxamina (PM). Estes vitamers são comparáveis em função, e muitas vezes intercambiáveis dentro de uma determinada reação.


A vitamina B6 age como uma coenzima para cerca de 100 reações químicas essenciais. Essas incluem proteínas e metabolismo do glicogênio, a ação adequada dos hormônios esteróides, a produção de piruvato, a produção de células vermelhas do sangue e muito mais. Assiste em muitas reações de descarboxilação (remoção do grupo carboxílico) para a produção de vários compostos tais como o glutamato (principal neurotransmissor do sistema nervoso central). É também de grande utilidade para o sistema imune na medida em que ajuda a produção de hemoglobina e aumenta a quantidade de O2 transportado por ela. Além disso, auxilia na produção de glóbulos brancos e tudo isso é vital para a sua saúde. Ortiz et. al relata que,
"A vitamina B6 é essencial para funções e crescimento celular devido ao seu envolvimento em reações metabólicas importantes."




Piridoxina é adicionalmente responsável pela síntese de muitos compostos. Por exemplo, a niacina depende de uma reação dependente de PLP (Piridoxal fosfato) para ser quebrada. Outros compostos necessitam de piridoxina para sua síntese, são eles: o aminoácido histidina, a carnitina, compostos contendo nitrogênio, CoA, glicina, taurina, dopamina, também ajuda a regular
neurotransmissores, desempenhando um papel importante no sistema nervoso.
Finalmente, parece que a PLP ajuda a degradação de glicogênio. Esta teoria está em sua infância, mas estudos mostram que ele age como um tampão de proteína para ajudar a manter o composto, e promover ligações covalentes para formar glicose.



Vitamina B6 e Síndrome do Túnel do Carpo (Lesão por Esforço Repetitivo):


"Concluiu-se que os pacientes com uma síndrome grave, incluindo o
defeito do túnel do carpo tem uma deficiência de vitamina B6, e que tanto a síndrome e a deficiência são aliviadas pela terapia com piridoxina ".
“Na minha prática, a vitamina B6 (piridoxina) terapêutica (100 a 200 mg por dia durante 12 semanas) provou ser curativa para uma grande porcentagem de pacientes com síndrome do túnel do carpo (STC). A determinação no laboratório do status da vitamina B6 tem sido útil no diagnóstico de deficiência e na tomada de decisões em relação à cirurgia.” ( Ellis JM et. al)


“Amostras de sangue de quatro pacientes no momento da cirurgia para aliviar a compressão da síndrome do túnel do carpo, que foi diagnosticado por avaliação clínica e eletromiográfica, foram diferencialmente analisados para determinar as atividades específicas e o % de deficiência dos eritrócito transaminase glutâmico oxalacética (EGOT ). Os dados obtidos nestes ensaios revelou que estes quatro pacientes apresentavam uma grave deficiência de vitamina B6. Estes dados, em conjunto com os resultados bioquímicos e clínicos anteriores em cinco anos, ressaltam a conveniência, e mesmo a necessidade, de testes por análise EGOT para a presença de uma deficiência grave de vitamina B6 em todos os pacientes antes da cirurgia.
O tratamento com vitamina B6 (piridoxina), por um período mínimo de 12 semanas dependendo da duração e da gravidade dos sintomas, tem sido eficaz, sem exceção.” (Folkers K et. al)




 Ácidos Graxos Ômega-3:


Com base em suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, a ácidos graxos poliinsaturados essenciais, ácido docosahexaenóico (DHA) e ácido eicosapentaenóico (EPA) oferecem um potencial amplo espectro de atividades que podem ajudar a manter a saúde dos idosos. DHA e EPA parecem ser capazes, por exemplo, em reduzir processos inflamatórios em depósitos (placas) nas paredes das artérias na aterosclerose. Além disso, os ácidos graxos ômega-3 aumentam a estabilidade das placas, de modo que elas não se quebrem, causando um bloqueio dos vasos sanguíneos (trombos). Aliviam os sintomas da artrite reumatóide, uma doença inflamatória crônica que afeta as articulações, com resultados demonstrados em estudos randomizados.


DHA e EPA também parecem ser de importância crucial para a manutenção da função cerebral e habilidades cognitivas. Uma vez que a quantidade de DHA no cérebro diminui com a idade, o consumo de DHA poderia prevenir o declínio do desempenho cognitivo e mesmo o desenvolvimento da doença de Alzheimer. Além disso, ingestões adequadas de DHA e EPA parecem contribuir significativamente para a prevenção de degeneração macular relacionada com a idade e a sua perda de visão associada.





Nota do Nutricionista:


Com imenso prazer compartilho essas importantes informações sobre os micronutrientes (vitaminas e minerais) com os leitores do Blog.
Enquanto uma boa parte da população possui certo medo desses nutrientes perguntando se não é exagero tomar dois tabletes de polivitamínico ao dia.
Os benefícios das vitaminas e minerais são incontáveis e há vários anos atrás comecei a sofrer de Síndrome do Túnel do Carpo; como citado nos estudos; consegui sanar o problema simplesmente usando a Piridoxina (B6), durante 3 meses na dose de 150mg ao dia.




Referências:


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